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O Estado Social e os Impostos (I)

por Pedro Silva, em 05.02.19

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O Estado Social e os Impostos são a “arma de arremesso” preferida dos defensores da ideologia neo liberal. Os defensores desta linha de pensamento ignoram (ou fazem por ignorar) aquilo a História do Velho Continente. Se há coisa que o século XX nos demonstrou, especialmente no pós 2.ª Guerra Mundial é que o Estado Social é fundamental para a manutenção de um clima de Paz e segurança numa Europa já bastante fustigada por variadíssimos conflitos bélicos e questões regionais que estão ainda por resolver.

 

Em suma, a questão é antiga, mas é um facto que o Estado Social tem de existir. E este apenas existe porque a suporta-lo está a necessidade de Paz e Coesão Social de que falei anteriormente. Mas a criação e manutenção do Estado Social no Velho Continente implica, acima de tudo, que exista uma base financeira. Base que é gerada pelos impostos e taxas que o Estado cobra. Dito de uma forma mais simplista, não há Estado Social sem impostos. Pelo menos na Europa. Já no “Novo Mundo” e Oriente a conversa é outra dado que falamos de sociedades com ritos, história e formas de estar completamente distintas das sociedades europeias.

 

Apesar de tudo os impostos revestem duas vertentes. Não tem somente como missão apoiar e assegurar a manutenção do tão necessário Estado Social. A sua outra vertente (à qual voltarei em tempo oportuno), é a de modelação da sociedade através da regulação de sectores de actividade como é o caso do imposto sobre o tabaco, álcool, bebidas açucaradas e por aí adiante. E se olharmos somente para este aspecto podemos afirmar - com muita razão – que o valor que pagamos a título de impostos, taxas e taxinhas é, por demais, exagerado se tivermos em linha de conta a capacidade que o nosso pequeno país tem de produzir rendimentos.

 

Mas, tal como já aqui o disse, a questão do valor exagerado que nos é cobrado a título de impostos e demais taxas é uma temática à qual voltarei em tempo oportuno. O importante neste momento é que fique bem patente a extrema necessidade de se ter um Estado Social forte que seja capaz de chegar eficazmente a todos os que dele precisam sendo que para tal também é necessária uma máquina tributária que o financie.

 

O problema maior dos tempos que correm é que a quebra demográfica que se verifica no nosso país (e Europa) dado que a população inactiva começa, aos poucos, a ser parcamente superior à activa aliada à velha questão da má gestão do erário público (algo tão próprio de Portugal…), cria a ilusão, perigosíssima, de que o Estado Social é um empecilho do qual nos devemos livrar rapidamente. Para muitos a solução passa, exclusivamente, pela aposta nos variados Seguros oferecidos por empresas que, pela sua própria natureza, buscam, tão-simplesmente, o lucro. Mesmo que para tal tenham de explorar ao máximo o bem-estar de que as contrata para tal. Tal solução, na minha manifesta opinião, é contra natura e choca de frente com tudo aquilo que a Europa tem vindo a conquistar desde o término da Segunda Grande Guerra Mundial e desde o 25 de Abril em Portugal.


9 comentários

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De Alfredo Rosenberg a 05.02.2019 às 10:42

Em Portugal, a Segurança Social e consequentemente o Estado Social, tem tido uma actividade de especulador mobiliário de risco, ao serviço do Governo. Em 2018 , o Fundo de Estabilização Financeira apresentava uma participação de 75% em titulos de divida pública nacional, divida,esta, classificada num grau de incumprimento elevado, violando , assim, quaisquer boas práticas de gestão da res publica, como constatado pelo TdC:


"O Ministério da Segurança Social está a colocar em risco o pagamento futuro das pensões devido à concentração do investimento do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) em dívida pública portuguesa: segundo o parecer do Tribunal de Contas (TdC) à Conta Geral do Estado de 2017. Uma tradução possível para esta conclusão do Tribunal de Contas é que uma tão elevada exposição a um só emitente vai contra as regras de gestão de risco usadas nos fundos de pensões"



O factor determinante para a paz e coesão social é a existência/criação de emprego pelas empresas privadas (PME) que, em nome do Estado Social, o tal que investiu 70% do FEFSS em divida classificada de alto risco/especulativa, se vêem esmagadas pelas taxas, taxinhas e impostos cobrados em prol " da coesão e solidariedade nacional". 


Aliás o seu artigo está incorrecto quando aponta o pós IIGG como originária do Estado Social. Foi na Alemanha, do conservador chanceler Von Bismarck (séc.XIX), que o Estado Providência foi pela prineira vez esboçado, com o propósito, de combater as ideias populistas dos comunistas alemães.



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De Alfredo Rosenberg a 05.02.2019 às 13:13


Aliás, como o Estado Social, pós IIGG, teve como propósito, primeiro, combater a ameaça representada pela ideologia estalinista, e pelos partidos comunistas europeus financiados pela URSS…


O interessante é ver que o famigerado Estado Social recorre cada vez mais aos Grupos Neoliberais para dar resposta às suas incapacidades, via PPP´s ( Grupos Privados de Saúde)….talvez se os impostos baixassem a maioria pudesse fazer um seguro privado de saúde e ter a possibilidade de escolher entre o caos do SNS e o Privado, tal como se passa com os Fundos de Pensões, em que deveríamos poder decidir entre estes, Privados (alguns com taxas de rentabilidade muito interessantes), e a SS.

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