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faço parte da maioria silenciosa que não se identifica com estas “coisas da política”.

reflito e ajo movida por princípios vários que confluem na igualdade de acesso a oportunidades a todos os cidadãos e cidadãs. não descurando todo o processo educativo (formal e informal) que moldou a pessoa que sou.

sei que é controverso, que muitos contestarão, mas a questão é que a política não é para todos, nem entende-la, nem praticá-la.

quando se enaltece a liberdade decretada em portugal, esquece-se que muitos portugueses e mais ainda, muitas portuguesas, são escravos e escravas da sua própria condição de vida. sim, somo livres, dentro dos muros que a nossa vida nos impõe.

temos uma jovem democracia. ok, não é assim tão jovem, mas como é predominantemente masculina, a juventude adensa-se mais. somos um pais muito pequenino, onde todos são amigos de todos. bem, todos não. aqueles que se encontra nos corredores da assembleia, ou nas sedes dos partidos, onde relembram histórias das professoras do liceu (não o público como devem de imaginar).

não, a política não é para todos. claro que há os resilientes que lá chegam, mesmo sem pedigree. resilientes que em alguma fase do seu caminho conheceram alguém que conhecia alguém, ou que, simplesmente caíram no “goto” de alguém que até se “mexia bem” dentro dos meandros das cozinhas que alimentam (ou não) a política que se faz em portugal.

sei que muitos de vós virão cá (ou não, porque estou a dizer que o farão) mencionar nomes de políticos, com origens modestas e percursos meritórios (por favor, se o fizerem, não se esqueçam de rever os seus messias).

desconfio de que estes “escolhidos” tenham real interesse num gozo pleno da cidadania por parte de todos os portugueses e portuguesas. já imaginaram o que seria um país verdadeiramente informado? conhecedor dos seus direitos e deveres? seria o caos!

imaginem aquele senhor de uma repartição de finanças, ou de uma moderna loja do cidadão (onde podem também ir as cidadãs), irritado pela derrota, na véspera, do seu benfica - perante o seu principal oponente, decide do alto da sua presunção de funcionário público – antes que venham os ataques, informo que o estado é também meu patrão - utilizar uma linguagem incompreensível (muitas vezes até para ele, mas como até decorou o discurso e conhece o procedimento…) deixando a pessoa que tem uma dívida a liquidar (sem dinheiro para o fazer) ainda mais desesperada e perdida. imaginem que esta pessoa conhecia os seus direitos. como poderia o funcionário humilha-la? aumentar as suas ânsias? manipula-la, se assim o entendesse? não vêm aqui uma paralelismo entre o estado e o “seu povo”?

o estado, que como a igreja, não mais é do que uma instituição gerida por homens e mulheres (o primeiro, mais ou menos, o segundo apenas por homens como sabeis), é o espelho daqueles e daquelas que governam, das suas vontades, dos seus condicionalismos, dos culambismos feitos ou prometidos.

claro que os governantes não fazem o que lhes apetece porque há uma assembleia (carregada de compadrios), há um presidente da república (estrela de televisão), há um tribunal constitucional (que defende a constituição desde que não seja para lhes retirar direitos) e há, cidadãos e cidadãs que têm o poder do voto e de reivindicação dos seus direitos (mas estes e estas, assumamos todos, também não têm feito um bom trabalho!).

sendo que o homem, e agora a mulher também, devem ser entendidos no seu contexto, não será difícil de entender que mudando o contexto (candidatura) para o contexto (governação) também se mudem, muitas vezes, as vontades. mas terei de acrescentar, em nome da justiça e do direito ao pressuposto da inocência que, por vezes, isto ocorre porque os candidatos só quando ocupam o lugar conquistado conhecem o verdadeiro estado da nação.

seja tudo isto suposição (vulgo má língua) ou verdade, a questão é que é assim que muitas pessoas em portugal sentem a política. não se identificando, desresponsabilizando-se (indevidamente).

não conheço a fórmula mágica para contrariar este desdém do cidadão e da cidadã com a política. mas acredito que o caminho poderá iniciar-se por uma educação para a cidadania, real (enquanto verdadeira e não da realeza), em todos os locais e para todos os públicos (isto de educar crianças e esquecer os pais é de uma pobreza educativa tremenda!). uma educação não fechada nas escolas, descomplicada e percetível a todos e todas – porque os senhores doutores e as senhoras doutoras, têm a mania de usar palavras caras para manterem o seu estatuto superior (por favor, desculpem srs. doutores e sras. doutoras… não sois todos nem todas iguais, eu própria tenho vários diplomas algures em casa dos meus pais).

criancas02.jpg

imagem retirada daqui

 

este mais do que um contributo, foi uma breve apresentação, da minha visão de leiga nestes assuntos sérios que importam a todos e a todas. e por importarem, não têm de ser complexos ou inatingíveis. um caro amigo açoriano (onde a política se sente e vive doutra forma, e onde há um estado dentro do estado) carinhosamente, ou não, chama-me l'enfant terrible (não pensem que sei francês, tive de ir ao tradutor para ter certeza que escrevia bem), e é assim de cara suja e joelhos raspados que me apresento ante vós.


22 comentários

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De Sarin a 26.01.2019 às 15:25

Uma bela apresentação :)

E um excelente primeiro passo: para mudarmos, há que termos consciência de que queremos mudar e do que queremos mudar. Neste caso, a mudança será para a construção da consciência política? ou para o hábito de contestar o que sempre tomaste como adquirido sobre política? Seja qual for a mudança, estamos cá para partilhar leituras, perguntas, discussões...  para criar, reconstruir ou fortalecer opiniões próprias. Nossas. De cada um :)
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De mami a 26.01.2019 às 18:44

acredito que não se trate bem de uma mudança, mas sim duma construção.
e se algo, por aqui, me faz sentido é que a mesma seja feita de forma acessível para quem se sente posto de lado ou auto se excluí destas reflexões.
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De Sarin a 26.01.2019 às 19:05

O objectivo é esse mesmo, certo? Se para sermos cidadãos precisarmos de tirar um curso, caramba, estamos no universo errado :)
Mas não podemos ser cidadãos sem ler algumas coisas básicas, como dar uma vista de olhos à Constituição e ter umas noções de Direito Civil - não de todo, que aquilo tens artigos que, divididos, chega um para cada família! No entanto, todos os cidadãos estão obrigados a todos eles, portanto mais vale irmos falando e consultando a coisa de quando em vez ;)
E questionando, partilhando a interpretação... porque nem tudo é líquido. Tal como nem tudo o que se ouve "ser direito" ou "estar na constituição", afinal, é ou está.
Enfim, importa também que todos nos divirtamos neste processo de construção ou reconstrução :) 
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De mami a 26.01.2019 às 19:12

vou criar uma constituição para totós ;)
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De Sarin a 26.01.2019 às 19:38

Boa sorte depois com as vendas :D
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De naomedeemouvidos a 26.01.2019 às 20:05

Olá, mami! Estás a brincar, com a constituição para totós, mas, às vezes, é preciso, de facto, "descomplicar". É verdade que depende maioritariamente de nós querermos ou não estar informados, mas há muita gente que não sabe sequer por onde começar.
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De Gaffe a 26.01.2019 às 21:15

Ai, que estranho!
Achei tão boa ideia!!!
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De mami a 27.01.2019 às 10:55

porque achais vós que estava eu brincar?
este post era para ser esse tal...mas achei melhor não entrar a matar e começar assim meiguinha ;)

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